«O título do livro pensara nele enquanto olhava fixamente para a montra de uma pastelaria cheia de porquinhos de maçapão. Há já algum tempo que eu andava interessada na questão do canibalismo simbólico.Na altura, eram os bolos de casamento, encimados pelos seus noivos de açúcar, que muito em particular me fascinavam», Margaret Atwood
sábado, 10 de março de 2012
Shame
Hoje à tarde vi o filme «Shame», de Michael Fassbender. Fez-me lembrar a poesia de Luís Miguel Nava.
O Abismo
Com a sua pele de poço, pele comprometida com o medo que no fundo fede e a que, digamos, toda ela adere de uma forma resoluta, dir-se-ia que se engancha, se pen- dura, o branco da memória a alastrar pelo corpo, um bran- co tão branco como o das noites em branco e sobre o qual a idade, exorbitada, hiante, se insinua, pensos, ligaduras, impregnados de memória, uma memória onde fulgura a lava dos sentidos que entram em actividade e lhe dis- putam os dias idos, assim ergue a balança, onde sustém o abismo.
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